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UMA REFLEXÃO SOBRE AS DIFICULDADES DO ALUNO-TRABALHADOR
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Michele Kerolem de Aleluia Batista
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Este ensaio tem como objetivo refletir sobre o drama do aluno-trabalhador, a partir de estudos recentes sobre o tema. Durante essa pesquisa vimos que o Brasil carece de dados atualizados sobre o número de crianças e adolescentes que exercem atividades remuneradas, o que dificultou a realização de uma análise mais exata. No entanto, em nossa realidade vemos que uma quantidade considerável de adolescentes já possui algum tipo de vínculo empregatício. Devido a necessidade de ajudar a família financeiramente e também para adquirir experiencia profissional, tendo em vista que o mercado de trabalho a cada dia fica mais exigente e competitivo.
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O DRAMA DO ALUNO- TRABALHADOR
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De acordo com Nelson Luiz Ribeiro no artigo intitulado A escola e o jovem aluno-trabalhador, “uma notável parcela da sociedade vê com bons olhos a inserção do jovem no mercado de trabalho, mas o que percebemos na escola é que quando o trabalho exige muito esforço do aluno, a dificuldade de conciliação torna-se um problema”. A necessidade de conciliar estudo e trabalho é uma realidade presente na vida de muitos brasileiros, que logo cedo se defrontam com a necessidade de ajudar nas despesas familiares. Na ótica de uma sociedade capitalista isso é um fato positivo. É comum ouvirmos argumentos como: “Enquanto está trabalhando não está aprendendo coisas erradas na rua”, “é importante começar a trabalhar desde cedo para não ser um preguiçoso futuramente”.
No entanto, o que vemos é que essa entrada precoce do jovem no mercado de trabalho aumenta o percentual de repetência e evasão escolar. Nelson Luiz Ribeiro aponta que “quanto ao tipo de trabalho realizado pelos jovens alunos trabalhadores no mercado de trabalho, constata-se que é em geral, trabalho simples, não produtivo e de baixa remuneração”. Devido as condições precárias de trabalho, muitos são obrigados a escolher entre estudar ou trabalhar, para alguns, nem é necessário refletir sobre a escolha, pois a questão financeira os leva automaticamente para o abandono escolar.
Conforme Maria da Solidade T. Fernandes, no artigo denominado O aluno/trabalhador: uma reflexão sobre as dificuldades para se alfabetizar no Brasil, “no Brasil, o quantitativo de pessoas analfabetas é muito grande, com idade igual ou superior a quinze anos. Portanto, conhecer alguns aspectos sobre esse período da Educação de Jovens e Adultos contribui para a construção de um país mais cidadão.” Sabemos que o aumento de evasão escolar reflete no percentual de analfabetismo, o que provoca uma contradição social.
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Ronaldo Marcos Araújo no artigo titulado O olhar do aluno-trabalhador sobre evasão e permanência na educação técnica, diz que “observamos que o aluno que estuda e trabalha, em grande parte, por necessitar do emprego, considera ‘uma barra pesada’ para sua vida diária conciliar as duas coisas e acaba por desistir da escola, optando por trabalhar para sua sobrevivência. Tornando-o mão de obra precária, executando tarefas simples, pouco produtiva e de baixo valor, como sugere o capital.”
Identificamos então, um paradoxo na vida do aluno-trabalhador, que precisa trabalhar para sobreviver e precisa estudar para ter possibilidade de alcançar melhores condições de trabalho. E para conseguir conciliar um e outro, tem que se desdobrar, o que pode acarretar diversos prejuízos para sua vida. Ronaldo Marcos Araújo ainda expõe que “trabalhar e estudar são contradições bastantes comuns, que afetam a vivência do aluno-trabalhador nos dias de hoje, com a intencionalidade de permanecer em sala de aula e com isso manter apoio financeiro para os seus gastos pessoais e de sua família.”
Como esperar que alunos inseridos em uma realidade de trabalho degradante ter um desempenho escolar satisfatório? Percebemos assim, que este é um problema demasiado recorrente, com causas complexas, que exigem mais análises para a sua compreensão. É necessário que a classe trabalhadora se emancipe e busque formas de enfrentar a discrepância existente no ensino entre o Brasil rico e o Brasil pobre. Que exija dos governantes a criação de políticas públicas educacionais eficazes a fim de diminuir as inúmeras dificuldades presentes na vida do aluno-trabalhador.
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REFERÊNCIAS
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ARAUJO, Ronaldo Marcos de l. et al. O olhar do aluno-trabalhador sobre evasão e permanência na educação técnica. Educação Revista Quadrimestral. Porto Alegre, 2019. Disponível em: https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/faced/article/view/29329. Acesso em: 13 nov. 2020.
FERNANDES, Maria da Solidade T. et al. O ALUNO/TRABALHADOR: UMA REFLEXÃO SOBRE AS DIFICULDADES PARA SE ALFABETIZAR NO BRASIL. XII COLÓQUIO NACIONAL E V COLÓQUIO INTERNACIONAL DO MUSEU PEDAGÓGICO[s.l.], 2017.Disponível em:http://anais.uesb.br/index.php/cmp/article/view/7026. Acesso em: 13 nov. 2020.
RIBEIRO, Nelson Luiz. A ESCOLA E O JOVEM ALUNO-TRABALHADOR. Paraná, 2019. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2221-8.pdf. Acesso em: 13 nov. 2020.
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SOBRE A AUTORA
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Estudante do curso de História, da Universidade Federal de Catalão. Contato: kerolemmichele22@gmail.com​
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COMO CITAR
BATISTA, Michele Kerolem de Aleluia. Uma reflexão sobre as dificuldades do aluno-trabalhador. Filosofia no Cerrado - Portal Eletrônico de Publicações. abr. 2021 ISSN 2448-3397.
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